terça-feira, 1 de maio de 2012

Uma nova história sobre Pelotas

Segundo Caderno - ZEROHORA
Origens01/05/2012 | 16h28

Livro de Adão Monquelat e Valdinei Marcolla será lançado nesta sexta-feira


Joice Bacelo - joice.bacelo@zerohora.com.br

Prestes a completar 200 anos, Pelotas ganha mais um livro sobre suas origens históricas. Desfazendo Mitos apresenta como precursor da fabricação do charque no Estado um personagem do escritor Simões Lopes Neto até então tratado como uma criação literária.
O livro de Adão Monquelat e Valdinei Marcolla será lançado em Pelotas na sexta-feira.
Eternizado em Contos Gauchescos, o sesmeiro João Cardoso – protagonista do texto O Mate do João Cardoso – é desvelado agora como uma figura real, alçada à condição de um dos pioneiros da produção de charque.
A afirmação parte da pesquisa, feita pelos autores de Desfazendo Mitos, que durou mais de 10 anos e tem como base documentos oficiais da época, como correspondências enviadas por João Cardoso ao então mandante da Fronteira do Rio Grande – confirmando que o personagem de Simões Lopes era, de fato, dono de terras e escravos nas margens do Rio Piratini, próximo a Pelotas, onde a indústria saladeril se tornou a alavanca da economia gaúcha.
Até a descoberta, considerava-se que o pioneiro na fabricação do charque era José Pinto Martins, um português que teria desembarcado em Pelotas para fugir da seca no Ceará, entre os anos de 1777 e 1780.
Essa história foi contada em uma revista lançada em comemoração ao centenário de Pelotas, em 1912 – e até hoje é reproduzida por historiadores da cidade. O curioso é que, entre os autores da revista que deu origem à história, estava João Simões Lopes Neto, o mesmo que criou o personagem João Cardoso.
– O próprio Simões nos deu a pista da história. O João Cardoso pioneiro do charque tem as mesmas características do João Cardoso de Contos Gauchescos, só que, quando o autor criou o personagem, não sabia que o dono de terras e escravos também era o precursor do charque – diz Monquelat.
As charqueadas da região de Pelotas movimentaram o primeiro ciclo econômico do Estado. Por ano, eram abatidas 400 mil cabeças de gado. Em 1873, auge dos negócios, havia cerca de 40 estabelecimentos produzindo charque em escala industrial. Na história contada até hoje, a Vila de São Francisco de Paula, que deu origem a Pelotas, teria sido formada a partir do desenvolvimento da indústria saladeril, o que também é contestado em Desfazendo Mitos.
Os autores garantem que, bem antes disso, por volta de 1776, quando os portugueses retomaram o território que estava em posse dos espanhóis, agricultores de Rio Grande teriam migrado para a cidade, fazendo com que a origem de Pelotas fosse o agropastoreio e não a produção de charque.
Obcecado pela origem da cidade, Monquelat sempre procurou desconstruir mitos. Ele tem outros seis livros da história de Pelotas em andamento e já lançou outros quatro antes da publicação que está saindo agora. Na internet, mantém um site sobre o tema: www.povoamentopelotas.blogspot.com.

SERVIÇO:
Desfazendo Mitos
De Adão Monquelat e Valdinei Marcolla
História. Editora Livraria Mundial, R$ 30.
Sessão de autógrafos sexta-feira, a partir das 18h, na Livraria Mundial, no calçadão da Rua 15 de Novembro, no Centro Histórico de Pelotas.

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