A. F. Monquelat
V. Marcolla
AS DATAS SESMARIAS NA SERRA DOS TAPES E
SÃO LOURENÇO DO SUL
Simão Soares da Silva veio para o Continente de São
Pedro em 1771.
Em 11 de fevereiro de 1775, a Junta da Administração e
Arrecadação da Fazenda Real do Continente do Rio Grande, o nomeou
para Comissário das Carretas e Cavalhada Real, no Quartel da
Fronteira do Norte, com o ordenado anual de duzentos mil réis,
gozando de todas as honras, privilégios e isenções, que eram
concedidas aos oficiais e vendeiros da Fazenda Real, e o direito de,
caso tivesse de sair em alguma diligência do Real Serviço, usar das
cavalgaduras que lhe fosse necessário.
Em 10 de outubro de 1783, Sebastião Xavier da Veiga
Cabral da Câmara nomeou o capitão da Cavalaria Auxiliar, Simão
Soares da Silva, para o emprego das carretas, boiada e cavalhada,
para servir na “próxima Demarcação dos Domínios da América
Meridional, pertencente à primeira Partida Privativa da minha
inspecção, vencendo o ordenado que me parecer arbitrar-lhe, segundo
o trabalho que tiver no importante desempenho das suas sobreditas
obrigações; sujeitando-lhe ao dito fim, todos os capatazes, peões,
serventes e outras quaisquer pessoas de que venha necessitar para o
ajudarem, os quais lhe obedecerão sem a menor dificuldade, em tudo o
que tocar ao Real Serviço [...]”.
Aos seis de janeiro de 1775, o Comandante Geral das
Tropas do Sul, Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara,
certificava que o capitão da Companhia da Cavalaria Auxiliar, Simão
Soares da Silva, em todas as diligências de que o havia encarregado,
relativas ao Real Serviço de Sua Majestade, deu inteira e louvável
satisfação, mostrando-se sempre com zelo, grande aplicação e
pronta obediência, com eficaz execução nas ordens e missões que
lhe foram incumbidas. Motivo pelo qual, se faz digno e merecedor de
vencimentos “em que sua Majestade o atender e remunerar”.
No ano de 1791, em requerimento enviado ao Marechal
Governador, o capitão Simão Soares da Silva, “atualmente
empregado no exercício de Comissário das Carruagens e Cavalgaduras
da presente Demarcação de Limites, [diz] que: tendo ele,
Suplicante, exercido o mesmo emprego na Campanha próxima passada,
debaixo das ordens do Excelentíssimo Senhor General, o defunto, João
Henrique Bohn, e tendo-lhe Sua Excelência, ao final da expressada
Campanha, feito a honra de passar-lhe uma honrosa atestação, esta
se extraviou; de modo que não lhe tem sido possível encontrá-la
mais entre outros papéis que possui; e, sendo a mesma Atestação
escrita pelo Tenente-coronel da Cavalaria Ligeira, Manoel Marques de
Souza, que então servia como Ajudante das Ordens, do sobredito
Senhor, pretende o Suplicante, para bem de sua justiça, que o dito
Tenente-coronel, lhe ateste a verdade do referido; e, quando não o
possa atestar com as formais palavras do mencionado, e tendo em vista
que ele não o poderá fazer sem despacho de V. Sª., peço-lhe com o
maior respeito e submissão, seja servido ordenar ao sobredito
Tenente-coronel, que lhe passe a requerida Atestação; pois, se não
a obtiver, lhe seguirá um irreparável prejuízo. E receberá
mercê”.
Atendido pelo Marechal Governador, em 26 de novembro de
1791, obteve Simão, em 17 de fevereiro de 1792, uma nova Atestação
firmada pelo Tenente-coronel da Cavalaria da Legião da Guarnição
do Continente do Rio Grande de São Pedro, Manoel Marques de Souza.
Tanto as nomeações quanto as Atestações,
que transcrevemos em parte, foram anexadas ao pedido feito em 1805,
por ele, Simão Soares da Silva, “que tem a honra de servir a V. A.
Real, no posto de Capitão do Distrito do Norte, do Regimento da
Cavalaria Miliciana da Capitania do Rio Grande de São Pedro do Sul,
de que lhe é chefe, Antônio Rodrigues Barbosa [éreo de Bernardo
José Pereira], há quase trinta e cinco anos, como consta do
documento de nº 1; servindo com toda atividade e obediência, não
só no serviço ordinário, como em diligências extraordinárias,
como se verifica do documento de nº 2; servindo igualmente de
Comissário do Exército daquela Capitania, no tempo em que foi
restaurada parte da mesma, por nomeação da Junta da Fazenda,
debaixo da qual serviu até que ali se fizesse a paz, depois da qual
passou a exercer o mesmo emprego de Comissário da Divisão de
Limites, por nomeação do primeiro Comissário da mesma, o
Governador daquela Capitania, em que gastou mais de 12 anos
transitando por aqueles lugares desertos e arriscados, portando-se
sempre com a maior exação, como tudo consta dos documentos de nºs
3, 4 e 5; tendo igualmente merecido o louvor e atenção do General
João Henrique Bohn, comandante em chefe do Exército que restaurou a
Vila do Rio Grande, e as demais partes daquela Capitania, como consta
do documento de nº 6, tendo além dos pré ditos serviços, e
daqueles que ordinariamente lhe compete em razão do dito posto, que
apesar de seu Regimento ser Miliciano, se conserva atualmente quase
em serviço.
Fez o Suplicante, na última guerra, grandes serviços a
V. A. R., arriscando-se por várias vezes com sua vida e, tendo sido
encarregado do Comando da defesa da Península, que fica entre o Mar
Oceano e a Lagoa Mirim, pôde arrasar o Forte do Chuy fazendo
prisioneiros, parte daquela guarnição, além de tomar uma grande
porção de armamento, cavalgaduras e gado vacum, apesar de ali
estarem as forças inimigas, em quádruplo, como é sabido e público
na mesma Capitania, e isto pode confirmar o Governador.
Estes relevantes serviços e préstimos animam o
Suplicante a pedir a V. A. R., que pela sua Real Grandeza, seja
servido, em atenção a todo o exposto, fazer-lhe a mercê do posto
de Tenente-coronel do mesmo Regimento de Milícias, que se acha vago,
ou como melhor for do Real agrado de V. A. Real.
Pede, que tomando em consideração tão justos motivos,
seja servido prover ao Suplicante em qualquer dos ditos postos, como
efetivo, agregado ou graduado, como melhor parecer de Justiça. E.
Real Mercê”.
Continua...
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Nota:
Os documentos transcritos foram atualizados e paleografados pelos
autores.
* Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã, no dia 25 de setembro de 2011.
* Artigo publicado no Jornal Diário da Manhã, no dia 25 de setembro de 2011.
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