quarta-feira, 19 de maio de 2010

O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO DE PELOTAS E A FAZENDA DO ARROIO MOREIRA


Apresentação do livro
“O processo de urbanização de Pelotas e a Fazenda do Arroio Moreira”

NOTA DE APRESENTAÇÃO

Pesquisando em fontes primárias supostamente inéditas na historiografia sul-riograndense, Monquelat e Marcolla trazem a público uma nova versão sobre os primórdios da urbanização de Pelotas.
Partindo de constatações a princípio despretensiosas, os autores vão ordenando suas informações por meio de linguagem simples e esclarecedora, sempre lastreada nas fontes que escolheram e que iluminam todo o texto de forma harmônica, conclusiva e parcimoniosa. Em vez de cansar o leitor, sempre avesso às leituras dos documentos oficiais, o texto é leve e prende a atenção na medida em que os fatos relatados vão avançando sem pressa, até que de repente se descortina a conclusão inevitável de que se está diante de uma nova e atraente versão sobre o começo do povoamento do centro urbano da Freguezia de Pelotas, como foi denominada na Resolução de Consulta da Mesa de Consciência e Ordens, expedida no Palácio do Rio de Janeiro, em 31 de janeiro de 1812, com a rubrica de Sua Alteza Real.
O texto reporta-se à luta do capitão Antonio Francisco dos Anjos para obter, perante a régia autoridade imperial, autorização para oficializar os contratos de arrendamentos (ditos aforamentos com certa imprecisão) que disse à Corte ter celebrado com os primeiros povoadores da Freguezia, mediante renda anual de 320 réis por braça, sobre as terras que havia adquirido em 16 de novembro de 1807. E no andar dos fatos, rigorosamente documentados, o leitor ficará conhecendo as desavenças que se sucederam entre o proprietário e a significativa parcela dos primitivos possuidores fundiários que se mostrou recalcitrante em pagar a soma pretendida. Surgem os nomes dos primeiros povoadores de Pelotas, o que ensejará a abertura de novas pesquisas sobre os descendentes desses precursores e sua futura relação com a cidade. Revelam-se, nos mínimos pormenores, os andamentos burocráticos do processo administrativo promovido pelo capitão Antonio dos Anjos, até se chegar à autorização oficial concedida pela Corte de D. João, Rei do Reino Unido de Portugal, e do Brasil e Algarves, em 11 de dezembro de 1817. Nos exatos termos da outorga imperial, o capitão Antonio Francisco dos Anjos recebeu autorização para obter uma renda a ser paga pelos cessionários das frações urbanas de Pelotas, sob forma e valores distintos daqueles que pretendia, pois lhe foi passada Provisão que, proibindo definitivamente os arrendamentos, reduzia os instrumentos de cessão a contratos enfitêuticos (foro perpétuo), com o laudêmio de quarentena (o que melhor atendia aos interesses dos povoadores).
A pesquisa de Monquelat e Marcolla insere-se na micro-historiografia de Pelotas, na medida em que aborda – sob a ótica da tradição dos anais – os fatos específicos que cercaram os primórdios da sua urbanização, modificando narrativas tradicionais e trabalhando com fatos que ainda não haviam sido revelados, até mesmo no que respeita à primazia da denominação “Freguezia de Pelotas”.
Nessa linha de prestígio dos anais históricos seguida pelos autores, caberia fazer alusão aos ensinamentos de Carlo Ginzburg (A Micro-História e outros ensaios) quando se reporta aos seguintes conceitos: “os anais, não obstante a sua rudeza estilística, mereciam ser mais apreciados do que a história, pois que são o verdadeiro fundamento dela. (...) O não serem atraentes, devido à rudeza do estilo e à falta de uma real estrutura narrativa, esconde um grande tesouro, algo de mais precioso do que o ouro e as jóias: a verdade”.
Pois bem, neste ensaio de micro-história, opondo-se à retórica, os autores prestigiam os anais históricos que permeiam o texto e cedem passagem a eles, fazendo com que os registros oficiais contem a história em sua rudeza estilística, porém verdadeira e inovadora.

Carlos Francisco Sica Diniz
Professor Aposentado da UFPEL





Locais onde este livro pode ser adquirido:
Big Ben Conveniências (Nacional da Cohabpel)
Revistaria Ler & Lazer, Santa Cruz, esq. D. Pedro II
Sebo Icária, Tiradentes, entre 15 e Anchieta
Livraria Monquelat – Rua General Telles, nº 558

Nenhum comentário: